A íntegra da coluna redigida por Professor Nazareno
Porto Velho, a eterna e sofrida capital de Roraima, é uma cidade podre, fedorenta e imunda. Já dissemos isso centenas de vezes, portanto não é nenhuma novidade para ninguém. A estranheza está no fato de que o atual prefeito, Dr. Hildon Chaves, já há mais de seis anos no poder, disse solenemente que as alagações iam fazer parte do passado. Principalmente ali no já famoso “encontro das águas” entre as ruas Rio de Janeiro e Rio Madeira nas imediações do bairro Nova Porto Velho. Apesar das ladainhas do prefeito, todo ano é a mesma realidade para quem vive ali e também em muitos outros pontos da cidade. Águas sebosas, pútridas e infectas invadem as casas, os comércios e travam o já precário trânsito. E quem não lembra quando ele disse mentirosamente que ia cuidar da cidade? “Porto Velho, deixa eucuidar de você”, falou.
Ele não cuidou nem nada fez pela urbe, percebe-se isso normalmente num dia de chuva forte. Estamos em pleno inverno amazônico e os índices pluviométricos nesta época do ano sempre foram muito altos. E as áreas de alagação espalham-se pela castigada cidade como na última sexta-feira. O encontro da Avenida Sete de Setembro coma Miguel Chakian, por exemplo, vira outro “mar de água podre”. “Hildon Chaves deveria trazer e organizar um campeonato de surf em Porto Velho” é o comentário que mais se ouve das pessoas ilhadas pela sujeira e pela água infectante. A capital do lodaçal não tem nem nunca teve água tratada e nem saneamento básico. Mas todo e qualquer político daqui sempre soube disto. Antes do Dr. Hildon, Mauro Nazif, na campanha para prefeito, disse que acabaria os alagamentos da cidade e todos sabem o que ele fez.
São mais de cem anos de agonia para quem vive e mora na pior capital do Brasil em IDH. No verão, a fumaça tóxica das queimadas na região leva centenas de velhos e crianças para os precários hospitais. No chamado inverno daqui é a lama podre e a água dos esgotos que invadem as casas sem dó nem piedade. Aqui a Covid-19 tornou a voltar com toda força e as mortes só aumentam. Porto Velho não é mais aquela currutela fedida. É muito pior do que isso. É uma espécie de Porto Príncipe, capital do Haiti, depois de um terremoto. É o retrato fiel daquelas cidades miseráveis da África subsaariana depois de um ataque terrorista. Nem Hiroshima pós-bomba atômica teve mais horrores do que esta imunda cidade/capital num simples e normal dia de chuva. Se encontrarmos o satanás andando pelas ruas daqui não será surpresa: estamos no inferno.
Mas Hildon Chaves não devia se preocupar pelo fato de ter fracassado em administrar a podridão que é a capital dos rondonienses. Todos os prefeitos também fracassaram. Ele é só mais um administrador de Porto Velho a ser vencido pela falta de esgotos, de saneamento básico, de água tratada, de mobilidade urbana, de arborização e também pela falta de educação da maioria dos imundos munícipes. Por isso mesmo, tomara que ele não se aventure tão cedo a outros cargos na política. “Essa, é a maior obra de drenagem dos últimos 20 anos em Porto Velho”, anunciou ele pomposamente nas redes sociais há menos de um ano lá no bairro Lagoa. Pelo visto a referida obra não drenou uma gota sequer de água. Drenou só o dinheiro público mesmo. Porto Velho é uma amaldiçoada curva de rio que nem deveria existir. A capital deste Estado poderia ser mais centralizada e também mais cuidada, pois esse lugar só nos envergonha. Credo!
*Foi Professor em Porto Velho.
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