Sexo no Espaço: especialista diz para imitarmos golfinhos

Sexo é algo que nos acompanha desde a Aurora do Homem, ou da Mulher, cada um com seu cada um. Desde que passamos a tentar racionalizar o sexo, o assunto se tornou cada vez mais emocional. A realidade é que levamos o sexo para todo lugar, todas as jornadas, e agora para a Fronteira Final.

Is good to be the Kirk. (Créditos: Paramount)

Na ficção sexo no espaço é normal, é quase obrigatório. Claro, podemos descontar séries como Battlestar Galactica e Star Trek, onde há gravidade artificial e tudo é mais ou menos convencional, se por convencional você entende mulheres verdes ou japinhas felinas gêmeas alienígenas de rabo grande (Is good to be the Kirk).

Is good to be the Kirk (Crédito: Paramount)

Já quando o sexo é em microgravidade, ou zero g, como alguns chamam, o bicho pega. É complicado mesmo na ficção, exigindo efeitos especiais caros, a ponto de The Expanse só ter mostrado esse tipo de lesco-lesco espacial uma vez (NSFW, cuidado). Mesmo a indústria de entretenimento adulto, que adora novas tecnologias nunca foi adiante com sexo espacial, simulado ou real.

Há literalmente UM filme com uma cena de sexo filmada no famoso Cometa Vômito, nome dado aos aviões que fazem trajetórias parabólicas, simulando microgravidade por alguns segundos. E a cena é tão ruim que nem aconselho (sério) você a perder tempo procurando por Uranus Experiment nos sites educativos.

Reza a lenda, ou ao menos prega a História Oficial, que ainda não ocorreu nenhum “acoplamento” no espaço. Começando com Gagarin em 12 de abril de 1961, a Era dos vôos espaciais tripulados no máximo permitiria atos de amor-próprio. A primeira oportunidade para sexo no espaço (de novo, não julgamos) só aconteceria em 1965, no vôo da Gemini 3, quando Gus Grissom e John Young passaram 4 horas e 52 minutos no espaço, mas sendo realista o espaço na cápsula Gemini era tão apertado que faria o pessoal que transa em banheiro de avião achar que estão fazendo sexo no Mané Garrincha (o estádio, não o atleta, mas de novo, não julgamos).

Sério, não dá. Olha o espaço. Mal conseguiam se mexer. (Crédito: NASA)

A idéia de que humanos praticariam sexo no espaço sempre foi varrida para debaixo do tapete, por todos os envolvidos, na estratégia “quando chegar a hora a gente pensa no problema”. Os russos são conservadores por natureza, vide a clássica “Não há sexo na União Soviética”, e os americanos por sua vez conseguem ser extremamente puritanos, gerando causos deliciosos como o de Sally Ride.

Sally seria a primeira americana a ir ao espaço. A equipe de engenheiros essencialmente masculina precisava preparar os kits de higiene pessoal dos astronautas. Na vez de Sally, tinham que colocar absorventes higiênicos. Como o assunto era de foro íntimo nas famílias e isso não se conversava ou ensinava, os pobres engenheiros sem-noção foram perguntar a Sally se 100 absorventes para uma missão de sete dias eram suficientes.

Sem nenhuma outra mulher a bordo, as chances de rolar sexo eram pequenas para Sally, então de novo, assim como nos meus fins de semana, nada aconteceu, bem como nas futuras missões com tripulações mistas.

A NASA só em 1992 fez algo que todo filme de guerra e ficção diz ser errado: mandou um casal, casado ao espaço: Mark Lee e Jan Davis.

O primeiro e único casal espacial. Dizem que nada aconteceu, e como eram casados, eu acredito. (Crédito: NASA)

Obviamente a imprensa caiu em cima fazendo todo tipo de pergunta indiscreta, ao que a NASA prontamente respondeu que não, não estavam fazendo experimentos de cunho sexual, não, não estavam escrevendo o primeiro capítulo do NASA Sutra.

Se rolou alguma coisa, nunca saberemos, mas provavelmente nada aconteceu, o resto da tripulação teria percebido imediatamente, e promovido um motim a bordo.

A triste realidade é haver bem pouca privacidade em uma nave espacial, as paredes são finas e a microgravidade torna todo e qualquer odor extra-forte. Imagine um alojamento universitário (de Humanas, eles sabem se divertir) com esteroides.

Do ponto de vista mais sério, ignorando humanos, várias espécies já fizeram sexo no espaço, com bastante sucesso inclusive. E mais: estudos com ratos demonstraram não haver efeitos nocivos no esperma ou embriões. Ratas levadas ao espaço no início da gravidez apresentavam menos movimentação fetal, mas em terra tiveram crias saudáveis.

Outro estudo manteve 12 ratos machos no espaço por 35 dias. Ao final seu esperma e órgãos reprodutores foram estudados, e não apresentavam qualquer tipo de alteração, o esperma foi utilizado para fertilizar fêmeas e resultou em ratinhos felizes e saudáveis, ao menos até serem eutanasiados para os cientistas confirmarem estarem saudáveis.

Um ponto interessante do estudo é que metade dos ratos foi mantida em gravidade zero, a outra metade em gravidade artificial, em uma mini-centrífuga. Comparados com um grupo de controle em terra, todos apresentaram resultados idênticos.

Já com Humanos, é complicado…

Mesmo com as agências espaciais não discutindo o assunto, há gente levando a questão do sexo no espaço a sério, como o astronauta alemão Ulrich Walter, que discutiu o assunto em seu livro Höllenritt durch Raum und Zeit (Uma Jornada Infernal Através do Tempo e do Espaço).

Primeiro de tudo, Herr Walter dá uma péssima notícia pra Gaius Baltar e James Kirk: Espaço é ruim pra libido. Alterações hormonais e de gravidade jogam a libido dos astronautas no chão, mesmo onde não há chão. Ninguém fica com desejo de nada além de sorvete e pizza, a Sandra Bullock flutuando de shortinho na Estação Espacial seria recebida com um “meh”.

Meh. (Crédito: Warner Brothers)

O lado bom é que Walter jura que em terra os efeitos são revertidos depois de algum tempo.

Ele também sabe que eventualmente a gente vai se adaptar (a Vida sempre acha um caminho), a carência e ausência da coisa tornará esse tipo de conjunção carnal inevitável.

Convenhamos, se na Terra a necessidade já cria estranhos companheiros de cama, imagine numa nave a caminho de Marte, depois de seis meses de viagem.

Aí começam os problemas. Sexo depende de peso (eu sou blogueiro, eu sei) e sem peso no espaço, quem vai te empatar é Isaac Newton. Toda ação provoca uma reação igual em sentido oposto, então se você esticar a mão para encostar na moça, ela vai naturalmente se afastar, quase como se você fosse blogueiro.

Há sugestões de usar o velcro disponível em todo lugar nas naves e na ISS, mas isso limitaria bastante as posições, e não resolveria a questão da inércia. Outra idéia é usar fitas elásticas, uma espécie de Shibari (não google) light, o que envolve uma preparação demorada e nada romântica.

Sem suporte, 100% em queda livre, a coisa fica mais complicada ainda. O casal (estou excluindo grupos maiores em prol da simplicidade. Mais uma vez, não julgamos) começaria a quicar pelas paredes, em uma bola de braços pernas e vergonhas, que independente de serem altas e cerradinhas ou não, teriam dificuldade em se manter encaixadas.

Tipo isso, mas um casal embolado. (Crédito: Reprodução (epa!) Internet)

O astronauta alemão sugeriu uma alternativa criativa para tornar prática a prática de sexo no espaço, mas é um tanto inusitada. Ele se inspirou em golfinhos, que sofrem do mesmo problema, com o agravante de não terem mãos e braços.

Diz Walter que golfinhos quando estão praticando a nobre arte de fazer golfinhinhos, são auxiliados por um terceiro golfinho, que circula empurrando e ajeitando o casal, facilitando a consumação do ato.

Nunca confie em golfinhos. E sim, eu sei que são belugas. (Crédito: Paramount)

A idéia de um terceiro astronauta, preso no chão com velcro, ajudando um casal, puxando e ajeitando os dois é hilária demais. Walter com certeza é um engenheiro, ele conseguiu identificar um problema e pensar na solução mais complicada possível, envolvendo terceiros e exigindo logística e diplomacia.

Ah sim, ele vai além e sugere a utilização de robôs sexuais, o que pode ser interessante ou não, dependendo da tecnologia estar mais pra Battlestar Galactica ou mais para Star Wars.

Na prática, o problema do sexo no espaço foi resolvido, e pela NASA.

Na Estação Espacial Internacional os astronautas têm seus casulos de dormir, funcionam como uma espécie de mini-compartimento pessoal, com direito a um saco de dormir. Todo mundo que já acampou (ou viu um Sexta-Feira 13) sabe que sexo em saco de dormir é complicado, mas possível. O caso tem até uma portinha.

Então já sabe, se estiver no espaço, passar em frente ao casulo de alguém, e tiver uma meia na maçaneta, siga em frente. Ou como diziam, ou melhor, dirão no futuro… if the pod is rockin don’t come knocking.

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